Mas, seu reino continua não sendo deste mundo.
Não pode ser cristã uma Páscoa celebrada por quem se omitiu
e fechou os olhos diante de ditaduras, de torturadores, de injustiçados, com
medo de sofrer e de morrer como Jesus morreu. Não celebra a Páscoa cristã quem
se tornou insensível aos sofrimentos humanos e nada fez para denunciar a
exploração dos mais pobres pelos ricos e poderosos deste mundo (Tg 5,1-6).
São Tiago, 5
1.
"Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós
virão. 2. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela
traça. 3. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem
dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo.
Entesourastes nos últimos dias! 4. Eis que o salário, que defraudastes
aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de
ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. 5. Tendes
vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos
corações para o dia da matança! 6. Condenastes e matastes o justo, e
ele não vos resistiu."
Hoje não tem artigo, crônica ou crítica. Tem música.
E é uma canção belíssima:
La Saeta. Fiquei arrepiado ao escutá-la pela primeira vez, na voz do nosso Fagner, em dueto com o autor Joan Manuel Serrat -outro extraordinário cantor/compositor catalão, a exemplo de Lluís Llach.
Talvez porque, desde meus verdes anos, sempre me incomodasse a opulência
do catolicismo oficial -- aquele dos altares, das procissões, da
Inquisição e das Redentoras.
Com o tempo aprendi que não era esse o verdadeiro legado de Jesus Cristo, mas sim uma mensagem de esperança para os pobres, os humildes, os fracos, os desprotegidos, os injustiçados e os excluídos da Judeia -como destaca o douto estudioso de religiões Reza Aslan numa das exegeses mais importantes e consistentes já produzidas sobre os evangelhos, Zelota (leia uma boa reportagem aqui).
Com o tempo aprendi que não era esse o verdadeiro legado de Jesus Cristo, mas sim uma mensagem de esperança para os pobres, os humildes, os fracos, os desprotegidos, os injustiçados e os excluídos da Judeia -como destaca o douto estudioso de religiões Reza Aslan numa das exegeses mais importantes e consistentes já produzidas sobre os evangelhos, Zelota (leia uma boa reportagem aqui).
Também mexeu muito comigo a tese levantada por um dos pais da contracultura, Norman O. Brown, em seu clássico absoluto, Vida contra morte
(1959): a de que o pecado cometido pela humanidade contra o Pai já foi
purgado por milênios de calvário, sendo chegada a hora de resgatarmos a
promessa de liberdade e plenitude que o Filho trazia e foi escamoteada
por visões religiosas que preferem enfatizar os horrores da
crucificação, para tanger seus rebanhos ao conformismo.
Tudo a ver com esta canção que, comparando o calvário longínquo de Jesus ao calvário permanente dos ciganos, é uma altaneira negação do Cristo dos crucifixos (sois pecadores, arrependei-vos!) para afirmar o que andava sobre as águas (tudo podeis, libertai-vos!).
Tudo a ver com esta canção que, comparando o calvário longínquo de Jesus ao calvário permanente dos ciganos, é uma altaneira negação do Cristo dos crucifixos (sois pecadores, arrependei-vos!) para afirmar o que andava sobre as águas (tudo podeis, libertai-vos!).
E aqui, a interpretação mais empolgante que dela encontrei no Youtube:
E, aos que estamos submetidos ao
calvário interminável da exploração do homem pelo homem, não nos basta
mais a esperança de um paraíso no além.
Queremos o paraíso agora!
Para que uma vida de verdade seja oferecida a esse povo que tanto anda atrás de qualquer alegria.
Então, os que sabemos o canto da gente, temos a sagrada missão de preparar o dia da alegria.
Fonte: Náufrago da Utopia
Belíssima canção em memória dos mártires do nosso tempo! "Pai Nosso dos Mártires"
Extremistas
de direita e ratos de igreja, deixem de ser hipócritas. Ao combater
ideias de igualdade entre os homens enquanto aproveitam a celebração
máxima do cristianismo para se deliciarem com bugigangas e iguarias que o
dinheiro pode comprar, sejam cristãos de verdade. Defendam as ideias
socialistas pelas quais Jesus Cristo deu a vida.
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