Se Janot pedir a suspensão do sigilo dos 77 depoimentos da delação da empreiteira, o estrondo será grande. Além de Temer, de seis ou mais ministros, a lista da Odebrecht conterá mais de uma centena de nomes, incluindo Renan e Jucá, governadores e dezenas de parlamentares da base governista.
Passado o carnaval, no início de março o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, deve pedir e o ministro relator no STF Luiz
Fachin deve autorizar o fim do sigilo sobre as delações da Odebrecht.
Total ou parcialmente. Teori Zavascki pretendia fazer isso em fevereiro.
Com sua morte, todos “ganharam algum tempo”, como previu Eliseu
Padilha. Até lá, estará aberto um “bolão de apostas” que circula na
Esplanada sobre quantos ministros de Temer serão delatados. Até agora
são conhecidos seis: Padilha (Casa Civil/PMDB), Moreira Franco
(Secretaria Geral/PMDB), José Serra (Relações Exteriores/PSDB), Bruno
Araújo (Cidades/PSDB), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e
Comunicações/PSD) e Marcos Pereira (MDIC/PRB), o último de que se tem
notícia.
Como Temer já declarou que afastará provisoriamente os ministros que
forem citados (e definitivamente só se virarem réus, o que jamais
acontecerá dentro de seu mandato), o “ministério dos delatados”, com
esta meia dúzia, será uma apêndice do governo. Afastados
provisoriamente, eles continuarão sendo ministros. As pastas devem ser
tocadas por interinos, geralmente os secretários-executivos. Continuarão
recebendo salários e manterão o foro especial do STF. Com o salário
atual do ministro de Estado fixado em R$ 30.934,70, o governo gastará R$
185.608,20 mensais só com estes seis, caso Temer tenha de afastá-los
após as delações e consequentes denúncias. As apostas no “bolão”,
entretanto, são em número maior de encalacrados.
O mais novo delatado, Marcos Pereira, segundo os executivos
Alexandrino Cunha e Fernando Cunha, recebeu R$ 7 milhões da Odebrecht em
2014 para campanhas do PRB. Segundo o ministro, para a campanha do
atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, a governador. Padilha foi
acusado por Claudio Mello Filho de atuar como preposto de Michel Temer
no recebimento de recursos para o PMDB. Inclusive de parte dos R$ 10
milhões que Temer pediu a Marcelo Odebrecht em pleno Jaburu. Moreira
Franco, segundo o mesmo delator, recebeu recursos relacionados com a
reforma dos aeroportos em 2013/14, quando era ministros da Aviação
Civil. José Serra, segundo os executivos Carlos Armando Paschoal e Pedro
Novis, recebeu R$ 23 milhões da empreiteira para sua campanha a
presidente em 2010. Kassab, disse o delator Paulo Cezena, recebeu R$14
milhões da Odebrecht entre 2013 e 2014. Claudio Mello Filho afirmou que a
empresa ajudou Bruno Araujo mas não citou os valores.
Se Janot pedir a suspensão do sigilo dos 77 depoimentos da delação da
empreiteira, o estrondo será grande. Além de Temer, de seis ou mais
ministros, a lista da Odebrecht conterá mais de uma centena de nomes,
incluindo Renan e Jucá, governadores e dezenas de parlamentares da base
governista.
O mais provável é que o procurador-geral alegue a necessidade de
investigações complementares para não pedir a desinterdição de todos os
depoimentos. Mais uma vez, teremos a exposição seletiva, ainda que com
uma desculpa fundamentada. A não ser que Fachin resolva tomar a
iniciativa de escancarar as delações.
Fonte Brasil 247
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