segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MAIS UMA CARNIFICINA INÚTIL NO ORIENTE MÉDIO


Enquanto essa corja se mantiver no poder, jamais haverá verdadeira guerra santa unindo todos os povos árabes contra seu opressor comum 


Por CELSO LUNGARETTI
 
Sou cinéfilo e costumo rever os meus cults cinematográficos a cada par de anos. Quando explode a vingança, do Sergio Leone, é um que já devo ter assistido umas 20 vezes, de 1971 para cá.

Mas, quando o filme é previsível e deprimente, nenhum circuito programa sucessivas reprises, nem os programadores das tevês o botam no ar a toda hora.

Bem diferente do espetáculo ora em cartaz, pela enésima vez, no Oriente Médio. É intragável mas, periodicamente, enfiam-no de novo pela nossa goela adentro.

De um lado, grupos radicais dos países árabes cutucam a onça com vara curta, geralmente causando poucos danos.

Do outro, os israelenses reagem com furor desmedido, extrapolando em muito a dimensão do fato que deu pretexto à matança. Lembram os nazistas em países ocupados: se um soldado alemão era morto pelos partisans, os  nazis  agarravam a esmo dezenas de moradores do bairro e os executavam bestialmente, como forma de intimidação.

Os irresponsáveis que atraem represálias contra idosos, mulheres e crianças não se comportam como combatentes do povo, são  covardes e vis; e Israel é, simplesmente, o IV Reich, repetindo hoje o que seus carrascos do século passado faziam de pior. Ambos merecem o nosso mais profundo desprezo.

O resultado é sempre o mesmo: morre muita gente inocente e nunca se chega a lugar nenhum.


 NADA justifica isto!!!

Se o objetivo é derrotar Israel, tais radicais têm de, primeiramente, escorraçar os tiranetes feudais que não ousam armar seus povos por medo de que as armas se voltem contra eles. Enquanto essa corja se mantiver no poder, jamais haverá verdadeira guerra santa unindo todos os povos árabes contra seu opressor comum. Resumindo: as revoluções têm de vir primeiro, para a cruzada contra Israel poder dar certo depois.

Desunidos, eles não têm poderio bélico suficiente para vencerem o hiper, super, ultramilitarizado estado neonazista (que, como os gays de antigamente, não ousa dizer seu nome, mas a estrela de Davi há muito deveria ter sido substituída pela suástica...).

Outro pequeno detalhe: se um dia Israel estiver ameaçado de sofrer a derrota final, os EUA inevitavelmente intervirão em seu socorro. Então, há um ogro maior ainda escondido atrás do ogro que até agora vem surrando os árabes periodica e impiedosamente. Isto deveria ser sempre levado em conta, mas não é. 

Sem fibra para fazerem o que é certo, só que bem mais difícil, os radicais investem em provocações à distância, acreditando que as imagens dantescas dos morticínios delas decorrentes provoquem indignação suficiente para forçar uma guerra santa. Negativo. Os tiranetes fingem e continuarão fingindo que não é com eles.

É como tentar fazer um carro pegar  no tranco, quando a bateria está falhando.  Neste caso, não dá certo. Talvez porque as reações dos humanos não sejam exatamente mecânicas...

Fonte: Náufrago da Utopia

Saiba mais:

Israel e a Nova Guerra Mundial

por Mauro Santayana, em seu blog

Ao convocar 75.000 reservistas para as fileiras, o governo de Israel deixou claro que prepara  nova  invasão terrestre da Faixa de Gaza, como passo prévio a uma aventura maior, contra o Irã.

Desta vez, no entanto, há sinais de que a violência encontrará a resistência dos países árabes vizinhos. A visita do primeiro ministro do Egito, Hisham Kandil, a Gaza e a clara advertência do novo presidente, Mosri, de que os egípcios não deixarão os palestinos sós,  deveriam conter os alucinados direitistas de Tel-Aviv, mas não parece que isso ocorra. Ao contrário, há todas as indicações de que se encontram dispostos a ir ao tudo, ou nada.

Ocorre que as coisas mudaram nos países árabes. Os aliados de Israel haviam visto, na primavera árabe, uma democratização à americana, que laicizaria as sociedades muçulmanas e as levaria à absorção pela civilização do consumo. Se assim fosse – era a ilusão de Israel – os palestinos seriam compelidos a aceitar, resignados, o fim de sua luta pela sobrevivência como nação. Rapidamente as coisas se mostraram como são.

Os árabes não saíram às ruas para contestar o Islã, mas com o propósito de recuperar os princípios de solidariedade do Corão e contestar o alinhamento de seus governos aos interesses de Washington. Não é por outra razão que os radicais de Al Qaeda contribuíram para o levante contra Kadafi.

O Egito, sob Murbarak, sempre foi fiel aos Estados Unidos em sua política regional, e aliado confesso de Israel. Com Mosri, a situação mudou. O novo presidente egípcio tem mantido consultas sucessivas com outros chefes de Estado e de governo árabes e reuniu, no Cairo, o presidente da Turquia, Recep Erdogan,  o emir de Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, e outros dirigentes políticos da região, para discutir o problema da Palestina. O emir de Catar visitou recentemente a Faixa de Gaza e doou 254 milhões de dólares para a reconstrução de seus hospitais.

A atitude mais clara do Cairo foi a de enviar a Gaza seu primeiro ministro Hisham Kandil, sexta-feira passada. Israel prometeu que suspenderia seus ataques aéreos contra a área durante as três horas da visita do dirigente egípcio – mas antes que Kandil deixasse a cidade pelo passo de Rafa, reiniciaram-se os bombardeios. Os judeus usam mísseis ar – terra, como o que matou o primeiro ministro do Hamas. E também aviões não tripulados, os criminosos drones. Dezenas de crianças estão gravemente feridas e, entre outras vítimas infantis, morreu um menino de apenas onze meses.

Se Israel, além de arrasar Gaza, como é o confessado propósito de seus extremistas, atacar o Irã, será quase impossível evitar uma terceira guerra mundial. O momento, sendo de recessão econômica global, é propício ao desvario dos conflitos armados. Como registra a História, nada melhor para o capitalismo do que um grande conflito, do qual ele sempre emerge fortalecido. Mas não parece que, desta vez, os vencedores venham a ser os mesmos.

Fonte Blog do Mauro Santayana

Leia mais:
 
O Brasil também tem suas faixas de Gaza 


É louvável a indignação da presidente Dilma Rousseff com o massacre de civis na Palestina. Mas, entre as dez nações mais ricas do mundo, não há nenhuma em que se mate tanto quanto o Brasil, onde uma pessoa é assassinada a cada nove minutos 


247 – A presidente Dilma Rousseff tem demonstrado preocupação com a morte de civis na Faixa de Gaza, além do "uso desproporcional da força" por parte de Israel, em seus ataques contra os palestinos. A atitude é louvável. Os números contabilizados no cenário brasileiro, no entanto, também não são nada animadores. A cada nove minutos, mata-se intencionalmente uma pessoa no País, de acordo com o ranking do Instituto Avante Brasil (IAB), do jurista Luiz Flávio Gomes, colunista do 247.

De acordo com os números do Instituto, divulgados nesta segunda-feira na coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o Brasil é o país onde mais acontecem mortes intencionais, entre as dez nações com os dez maiores PIBs do mundo. "Nos EUA é registrada uma morte a cada 34 minutos; no Japão, uma a cada 813 minutos e no Canadá, uma a cada 861 minutos", informa a nota. Os dados têm como base números do Ministério da Saúde e da ONU.

No ranking mundial da violência, o Brasil ocupa a 20ª posição e deve fechar o ano com 27 assassinatos para cada 100 mil habitantes – 53,8 mil homicídios, prevê o IAB. Apenas no trânsito, uma morte é registrada a cada 11 minutos e 21 segundos. De acordo com o Instituto, 1,2 milhão de pessoas foram assassinadas no País desde 1980. Se consideradas apenas as de trânsito, 1 milhão de pessoas foram mortas nesse período, aponta o "delitômetro" do site do instituto.

"A carnificina é generalizada. A mídia, com razão, protesta contra as 10 mortes diárias na cidade de São Paulo. Mas não chama atenção para as  outras 137 em todo país", protesta Luiz Flávio Gomes. "Na primeira noite eles matam 10 ou 20 e não dizemos nada. Na segunda noite eles matam mais outra dezena e não dizemos nada. No ano eles matam mais de 90 policiais e não dizemos nada. Em Salvador eles matam um advogado que defendia os pobres e não dizemos nada. O governador diz que 'quem não reagiu está vivo'. Agora, mesmo quem não está reagindo não está vivo", diz o jurista, em crítica contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.


Visite a pa gina do MCCE-MT
www.mcce-mt.org