RETROSPECTIVA 2009, A CORRUPÇÃO E UM ANO PARA DEIXAR DE LADO.
Faltam pouco menos de quinze dias para o ano terminar; os fatos políticos que vivenciamos foram tão dramáticos e, infelizmente em sua maioria, tão grotescamente terríveis que se o país não foi sacudido por um golpe militar ou por uma revolta popular nunca mais correrá esse risco.
Infelizmente ficou bem claro neste ano que a corrupção está alastrada por todos os níveis do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. As gravíssimas acusações e as provas que vieram à tona (além das inacreditáveis histórias mal contadas) em relação às inúmeras falcatruas que são atribuídas ao senador José Sarney e a sua família; mostraram que não há a menor vontade do governo de investigar a veracidade ou não dessas acusações e, muito pelo contrário, há uma enorme vontade de acobertar e abafar o caso. Isso, muito tristemente, mostra que há algo de muito podre por baixo dos sorrisos, dos índices de popularidade e dos salamaleques que o governo e oposição trocam (numa verdadeira farsa ensaiada).
Obras como as do PAC, alardeadas com grande impacto, têm mais da metade dos valores destinados a elas consumidos e pouco menos de um terço das obras em andamento ou concluídas. Algo que chocaria qualquer população minimamente preocupada com o destino dos impostos que paga. Mas, no entanto aqui, a maioria segue inerte e anestesiada pelas migalhas que caem da mesa dos que sempre a dominaram em mais profusão. Quais peixes em busca de um resto de oxigênio existente; colocam suas bocas ávidas perto da superfície e se satisfazem com dentaduras, Tv’s de tela grande e carros reluzentes (aos quais muitos não conseguirão pagar).
É o espetáculo do crescimento que nos é oferecido enquanto as cuecas, os panetones, as malas e as meias trocam de mãos e de corpos com uma agilidade inacreditável e garantem gordos saldos bancários nos paraísos fiscais. Os que foram apanhados ontem; são reverenciados em jantares e reconhecidos como autoridades. Continuam agindo sem aparecer e atuando fortemente para a manutenção do mesmo status quo que representaram.Os novos oportunistas assumem seu lugar no rol das desculpas esfarrapadas e são acossados pelas bandeiras das entidades que antes diziam defender a ética na política e a moral no serviço público. Mas calaram-se diante da mesada paga pelos mensaleiros regularmente aos seus cofres.
Sem memória e sem legitimidade, bastou que os que antes acusavam agora se vissem acusados para que as bandeiras voltassem a ser desfraldadas e as mesmas entidades que calaram suas vozes no mensalão petista, viessem clamar pela ética na política e pela moralidade no serviço público mais uma vez. A pergunta a ser feita é uma só: Onde estavam as vozes que clamam e as bandeiras desfraldadas quando os mensaleiros de ontem assumiam a defesa apaixonada do coronel do Maranhão, do tráfico de influência e da barbárie cometida contra a ética, nossos impostos e os brasileiros mais pobres?
Numa retrospectiva de 2009, restou apenas o asco, a vergonha e uma inacreditável sensação de frustração, ao perceber que vivemos em um país do vale tudo com um povo que aceita tudo. Oportunistas e importunados: os lugares que cada um ocupa, na hierarquia popular brasileira, dependem unicamente do tamanho da mesada que se recebe do padrinho; da bolsa “cala-boca” do governo ou mesmo das contribuições generosas feitas pela máquina partidária que compra tudo… até a alma dos jovens.
Definitivamente, na política, 2009 foi um ano para se deixar de lado.
E você leitor, o que pensa disso?
Fonte: Visão Panorâmica
